Ministério do Trabalho de Manhuaçu resgata 9 pessoas em situação análoga à escravidão
29/08/2024
(Foto: Reprodução) Trabalhadores estavam alojados em condições extremamente precárias, sem registro formal de trabalho e trabalhando em troca de alimentação na zona rural de Santa Margarida. Trabalhadores ficam em alojamentos com condições precárias, segundo o MT
João Vitor Nunes/Inter TV dos Vales
O Ministério do Trabalho de Manhuaçu resgatou nove trabalhadores que viviam em condições análogas à escravidão, nessa quarta-feira (28), na zona rural de Santa Margarida.
A operação, realizada em conjunto com a Polícia Militar, confirmou as denúncias de que os trabalhadores estavam alojados em condições extremamente precárias, sem registro formal de trabalho e sem receber salários adequados.
De acordo com o MT, embora fosse registrado o pagamento de R$ 50 por dia, o valor era integralmente utilizado para cobrir os custos de alimentação, o que na prática significava que o grupo trabalhava em troca de comida.
Ainda segundo o apurado na investigação, não havia o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e os alojamentos eram inadequados. Os nove trabalhadores dormiam em cômodos sem forro, sem janelas e com fiação elétrica exposta.
Cômodos dos alojamentos não tinham forro, janelas e a fiação elétrica oferecia risco aos trabalhadores
João Vitor Nunes/Inter TV dos Vales
O empregador, de 73 anos, já possui um histórico de práticas semelhantes e recrutava pessoas em situação de vulnerabilidade, oferecendo alojamento e alimentação, mas submetendo-as a condições desumanas, conforme apurou a fiscalização do MT.
“A gente ficou sabendo que há muitos anos ele recruta esses trabalhadores, principalmente andarilhos, pessoas que têm muita dificuldade, que não estão inseridas na sociedade, estão fora de tudo. Entram aqui, ele aloja o pessoal, os alimenta, fornece bebidas alcoólicas - e ficamos sabendo que até droga rola por aqui - e trabalhavam praticamente em troca da comida” disse o auditor fiscal do trabalho, Flávio Pena.
Alojamentos não tinham janelas e não ofereciam as condições adequadas aos trabalhadores, segundo o MT
João Vitor Nunes/Inter TV dos Vales
Com o apoio da Prefeitura de Santa Margarida, os trabalhadores foram retirados do local e acolhidos em um hotel, onde aguardam a regularização da documentação para que possam retornar às localidades de origem.
“Agora o procedimento é que aguardem a gente preparar a documentação, como seguro-desemprego resgatado e também o empregador fazer as suas rescisões contratuais, pagando as verbas rescisórias para que eles possam voltar para as suas casas”, contou Flávio Pena, auditor fiscal do trabalho.
Os resgatados, com idades entre 29 a 55 anos, vieram de diferentes regiões do país. Dois deles são de outros estados: Rio Grande do Norte (São Rafael), Paraíba (Bonito de Santa Fé) e Espírito Santo (Vila Velha). Já os demais são de Minas Gerais e vieram dos municípios de Raul Soares, São Pedro dos Ferros, Abre Campo, Sericita, Caputira e Matipó.
Correção: erramos ao dar ao Ministério do Trabalho os créditos das fotos publicadas na reportagem. O registros foram feitos pelo repórter João Vitor Nunes. Esta atualização foi feita no dia 30/08/2024 às 17:13.
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